Mostra Culturas do Além traz a imanência encantada de celebrações sagracionais no oeste baiano

O segundo dia de programação do Festival Buriti de Audiovisual se encerrou com um debate para lá de instigante, com filmes que não somente resgatam uma memória dispersa e marginalizada do oeste da Bahia, mas também são ricos em imagens e uma estética própria da região. O evento contou com uma rodade conversa com os realizadores Justino Cosme e Cleudir Neves, sob mediação do professor Cícero Félix.

Cícero começou explanando sobre a ocupação do território do oeste da Bahia, que até as primeiras décadas do século 19 pertenceu a Pernambuco, tendo vindo mais tarde a integrar a Bahia. Contudo, a partir de meados do século 20 a região passou a ser ocupada por migrantes ligados ao agronegócio e o que se chamava "além São Francisco", em menção à margem esquerda do caudaloso rio, passou a ser denominado como "oeste da Bahia".

Os filmes da mostra, porém, são um manifesto à monucultura em seu sentido amplo. Isto é, à ideia de unidade que acabou sendo galvanizada no imaginário, especialmente, de quem não habita a região. Contudo, como fica evidente nos filmes, o vasto território que faz divisa com Minas Gerais, Goiás, Tocantins e Maranhão, é riquíssimo culturalmente e cuja memória tem sido reconstruída por realizados audiovisuais da região.

Culturas dos além

Os filmes apresentados nesta mostra fazem um recorte de como as espetacularidades extracotidianas, as manifestações tradicionais, são abordadas pelos realizadores audiovisuais. Um filme, trata da cultura da retirada de areia no leito do rio Corrente; outro, da caretagem da Malhação de Judas de uma comunidade rural; o terceiro, do tradicional festejo da folia de reis.

Filmes apresentados na mostra:

• Areeiros do Corrente (Revista A e Opa, 2015)

• Seu Limiro das caretas, artesão de resistência popular (Justino Cosme, 2019)

• Folia de Reis do Piengo (Robson Vieira, 2017)